Kardec nos ensina que o perispírito, por meio de uma expansão do mesmo, se une ao ser humano desde o momento da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Daí para frente, orienta a divisão celular do mesmo, unindo-se ao corpo físico, célula a célula, órgão a órgão, molécula a molécula, átomo a átomo. Esta união permanece por toda a vida física do indivíduo. Só quando por ocasião da morte do corpo físico é que ocorre a desunião do perispírito com o corpo físico, quando o espírito desencarnado volta ao Mundo Espiritual.
Orientando a divisão celular, o perispírito é por isso mesmo a matriz do corpo físico. Numerosos fenômenos podem ser explicados quando conseguimos perceber que a matriz do corpo físico se encontra fora do mesmo, embora agregado a ele. Um deles é o intrincado fenômeno da embriogênese.
É muito conhecido entre os embriologistas e curiosos fatos que quando nos estágios iniciais de formação do embrião, se for colocada uma célula que no seu lugar de origem já estava sendo diferenciada para dar formação a uma estrutura, por exemplo, do aparelho digestivo, se for colocada em um outro local que deverá redundar no olho do organismo, esta célula, que já se estava diferenciando, regride para o seu estágio de indiferenciação e começa agora a diferenciar-se novamente, de sorte a ajudar a formar o olho do organismo. Tudo se passa como se por trás da gênese orgânica houvesse "algo" que orientasse a sua formação.
É a este "algo" que a fisiologista francesa Claude Bernard dá o nome de "Idéia diretriz". Hans Driesch dá o nome de "Intelékia" e o dr. Hermani Guimarães Andrade, parapsicólogo brasileiro, dá o nome de "Modelo Organizador Biológico - MOB".
O espiritismo nos ensina que esse "algo"que organiza a matéria orgânica nada mais é que uma das propriedades do perispírito que se manifesta como a matriz orientadora do corpo físico.
O leitor poderá objetar que tal princípio está concentrado nos genes, que estão inseridos nos cromossomas da células, como tão bem vem demonstrando a genética, ciência que estuda os fenômenos da hereditariedade. Sem dúvida, a genética vem elucidando muitas das leis que regem a hereditariedade, porém, está longe de conhecer e explicar todos os fenômenos da organogênese.
Dentre os muitos fatos que a genética ainda não consegue explicar, poderíamos citar, como exemplo, o curioso fato das moscas sem olhos.
Dr. Hermani Guimarães Andrade relata em seu livro Psi Quântico que "realizando o cruzamento entre si, as moscas das frutas (Drosophila melanogaster), portadoras dos genes recessivos correspondentes ao caráter "mosca sem olhos", podem ocorrer o aparecimento de moscas sem olhos. Neste caso a linhagem é pura com relação a este caráter. Isto quer dizer que, de acordo com as leis da genética, as descendências deverão ser sempre moscas sem olhos. Entretanto, não é isto exatamente o que ocorre. Depois de um certo número de gerações por entrecruzamento de moscas cegas, surgirão novamente moscas com olhos normais.
Diante de fenômenos como este, os geneticistas se perguntam o que aconteceu ou o que interferiu nos genes para provocar tal mutação e corrigir o defeito da cegueira das moscas? Para tal pergunta, a genética não tem resposta. No entanto, se a genética não responde, o espiritismo o faz quando nos afirma que toda a experiência da vida no planeta está registrada no perispírito e que, por isso mesmo, quando ocorre alguma anomalia no código genético da matéria, o espírito lança mão do arquivo mnemônico do perispírito corrigindo a anomalia, provocando pequenas alterações nos genes no transcorrer das gerações, até que o defeito ou anomalia seja corrigido.
O espiritismo não veio para desacreditar a genética ou qualquer outra ciência, mas veio para associar-se às mesmas a fim de permitir explicar numerosos fatos que a ciência, por si só, logra fazê-lo.
Revista Cristã de Espiritismo, edição 25.
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