Da leitura de O Livro dos Espíritos e das outras obras básicas da Doutrina Espírita, sabemos que:
- Não existe qualquer vantagem em saber-se quem está pela primeira vez encarnado na Terra ou não.
- Que a mediunidade é uma faculdade neutra, isto é, que quem a possui não é forçosamente mais evoluído, seja moralmente, seja intelectualmente.
- Que Jesus de Nazaré é o exemplo máximo de perfeição, o ser que nos pode com segurança servir de modelo e guia.
Pelo estudo da Doutrina Espírita, sabemos que há Espíritos que reencarnam na Terra pela primeira vez, ao passo que outros já somam aqui muitas vidas. Sabemos também que, de entre os Espíritos que aqui reencarnam por excepção ou pela primeira vez, há os que vêm em missão, e que apresentam características morais e/ou intelectuais acima da média.
Como o Espiritismo nada tem a ver com adivinhação, não é sua tarefa apurar quem está cá em missão ou expiação, pela primeira ou pela centésima vez. E se tal pudesse ser determinado com certezas, para que serviria? Para a satisfação de vã curiosidade ou para o alimentar de vaidades? Não havendo fim útil, o Espiritismo abstem-se de conjecturas ou tentativas nesse sentido.
Também o facto de alguém possuir ou não mediunidade tem alguma relação com o respectivo grau evolutivo. Vemos verdadeiros crápulas que possuem mediunidade apuradíssima, e pessoas boníssimas que dela não revelam qualquer traço. A mediunidade é uma característica orgânica. Se só os bons a possuíssem seria como se por exemplo só os bons fossem bonitos, saudáveis ou talentosos.
Como Deus velou sabiamente, o grau de evolução de cada um de nós, de tal modo que só a nossa conduta o possa revelar, conclui-se que de nada adianta sabermos se o nosso filho ou filha se enquadram na definição genérica de "criança índigo".
Como já referimos, existe actualmente um mercado florescente de manuais, consultas, simpósios, e instituições, dedicados às crianças ditas índigo ou cristal. Sendo esse um negócio lucrativo, é natural que se procure incutir em toda a gente que os seus filhos pertencem a esse grupo. Uma possível inadaptação inicial à encarnação terrestre, que seria natural em "recém-chegados", é confundida com episódios de birras, ou de má educação, que podem ocorrer em quaisquer crianças. Há por isso quem substitua o dever de corrigir com amor, pela permissividade. É um erro, na nossa óptica.
Jesus de Nazaré, por maioria de razão uma criança invulgarmente evoluída para o ambiente terreno, nasceu numa família simples, teve uma educação amorosa mas regrada, e jamais revelou comportamentos disruptivos, apesar de uma ou outra vez ter surpreendido os adultos com capacidades acima do esperado para a idade - lembre-se o episódio de Jesus entre os doutores da lei:
“Ora, anualmente iam seus pais a Jerusalém, para a Festa da Páscoa. Quando ele atingiu os doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Terminados os dias da festa, ao regressarem, permaneceu o menino Jesus em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Pensando, porém, estar ele entre os companheiros de viagem, foram caminho de um dia e, então, passaram a procurá-lo entre os parentes e os conhecidos; e, não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que o ouviam muito se admiravam da sua inteligência e das suas respostas. Logo que seus pais o viram, ficaram maravilhados; e sua mãe lhe disse: Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos à tua procura. Ele lhes respondeu: Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?
Não compreenderam, porém, as palavras que lhes dissera. E desceu com eles para Nazaré; e era-lhes submisso. Sua mãe, porém, guardava todas estas coisas no coração.
E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.”
Lucas 4.41-52
“Ora, anualmente iam seus pais a Jerusalém, para a Festa da Páscoa. Quando ele atingiu os doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Terminados os dias da festa, ao regressarem, permaneceu o menino Jesus em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Pensando, porém, estar ele entre os companheiros de viagem, foram caminho de um dia e, então, passaram a procurá-lo entre os parentes e os conhecidos; e, não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que o ouviam muito se admiravam da sua inteligência e das suas respostas. Logo que seus pais o viram, ficaram maravilhados; e sua mãe lhe disse: Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu, aflitos, estamos à tua procura. Ele lhes respondeu: Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?
Não compreenderam, porém, as palavras que lhes dissera. E desceu com eles para Nazaré; e era-lhes submisso. Sua mãe, porém, guardava todas estas coisas no coração.
E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.”
Lucas 4.41-52
Jesus, aos 12 anos, era submisso a seus pais, foi-o sempre, e recomendou que se honrasse pai e mãe. A despeito de possuir capacidades acima da média. Seus pais, por seu lado, não o repreenderam neste episódio, trataram-no sempre com amor e compreensão, mas nunca se demitiram do papel de pais, orientando o filho enquanto não chegou à idade adulta. José e Maria não sabiam então se Jesus tinha uma missão elevada ou se era apenas uma pessoa com algumas características invulgares. Assim devemos nós todos agir com as crianças, estejam elas em que patamar evolutivo estiverem. E não há razão para ficarmos vaidosos se recebemos como filho um Espírito mais evoluído, ou desapontados se recebemos um menos evoluído. Ambas as missões são louváveis. Os Espíritos elevados já transitaram na faixa da aprendizagem dolorosa. E os que hoje experimentam dificuldades, serão um dia Espíritos Puros.
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