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sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Suplício de Joana D'arc




Naqueles minutos graves a heroína revê toda a sua vida, curta, mas brilhante.
Evoca a lembrança dos entes que ama, recorda os dias serenos da sua infância em Domremy, o semblante meigo de sua mãe, a fisionomia austera do velho pai e as companheiras de sua meninice, Hauviette e Mengette, seu tio Durand Laxart, que a acompanhou a Vaucouleurs, e, finalmente, os homens dedicados, que lhe fizeram companhia até Chinon. Numa visão rápida, passa em revista as campanhas do Liger, os gloriosos combates de Orleães, de Jargesu, de Patay ; escuta as fanfarras guerreiras e os gritos de alegria da multidão em delírio. Revê, ouve tudo isso na hora derradeira. Quis, por essa forma, num como supremo abraço, dizer o adeus final a todas aquelas coisas, a todos aqueles entes amados. Não tendo nenhum deles diante da vista, concretizou na imagem do Cristo crucificado suas lembranças, suas ternuras. Dirigiu-lhe o adeus que assim dizia à vida, nos extremos anseios de seu coração despedaçado. Os carrascos põem fogo à lenha e turbilhões de fumaça se enovelam no ar. A chama cresce, corre, serpeia por entre as pilhas de madeira. O bispo de Beauvais acerca-se da fogueira e grita-lhe: “Abjura!”
Ao que Joana, já envolvida num circulo de fogo, responde: “Bispo, morro por vossa causa, apelo do vosso julgamento para Deus!” As labaredas rubras, ardentes, sobem, sobem mais e lambem-lhe o corpo virginal; suas roupas fumegam. Ei-la que se torce nas ataduras de ferro. Alguns  minutos depois, em voz estridente, lança à multidão silenciosa, aterrorizada, estas retumbantes palavras: “Sim, minhas vozes vinham do Alto. Minhas vozes não me enganaram. Minhas revelações eram de Deus. Tudo que fiz fi-lo por ordem de Deus!” (172). Suas vestes incendiadas se tornam uma das centelhas da imensa pira. Ecoa um grito sufocado, supremo apelo da mártir de Ruão ao mártir do Gólgota: “Jesus !”

E nada mais se ouviu, além dos estalidos que o crepitar do fogo produz...
Terá Joana sofrido muito?
Ela própria nos assegura que não. “Poderosos fluidos, diz-nos, choviam sobre mim. Por outro lado, minha vontade era tão forte que dominava a dor.”

Está morta a virgem da Lorena...
O Espaço todo se ilumina. Ela se eleva e paira acima da Terra, deixando após si um rastro luminoso. Já não é um ser material, mas um puro Espírito, um ser ideal de pureza e de luz. Os Céus se lhe abriram até ao infinito. Legiões de Espíritos radiosos vêm-lhe ao encontro, ou lhe formam cortejo. E o hino do triunfo, o coro celestial da boa vinda repercute nos espaços siderais: “Salve! salve! Aquela que o martírio coroou! Salve! tu que, pelo sacrifício, conquistaste eterna glória!” Joana entrou no seio de Deus, nesse foco inextinguível de energia, de inteligência e de amor, cujas vibrações animam o Universo inteiro. Muito tempo permaneceu mergulhada nele. Afinal, um dia, saiu de lá mais radiante e mais bela, preparada para missões de outra ordem, das quais adiante falaremos. Deus, em recompensa, lhe deu autoridade sobre suas irmãs do Céu. Concentremo-nos; saudemos a nobre figura de virgem, a jovem de imenso coração, que, tendo salvado a França, pela França morreu antes dos vinte anos. Sua vida resplandece como celeste raio de luz, na temerosa noite da Idade Média.
Com sua fé vigorosa, com sua confiança em Deus, veio trazer aos homens a coragem e a energia necessárias a transpor mil obstáculos; veio trazer à França traída, agonizante, a salvação e o renascimento. Por paga de tanta abnegação heróica, horror! só colheu mágoas, humilhações, perfídias e, como coroamento de sua breve, porém maravilhosa carreira, uma paixão e uma morte tão dolorosa, como iguais só houve as do Cristo.




Fonte : JOANA  d' ARC - LEON DENIS - FEB/RJ
Luciano Dudu

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