O homem, habitante deste orbe de expiações e provas, limitado em seus conhecimentos de tantas e tantas coisas do mundo que o rodeia, desconhecendo a si mesmo, tem, entretanto, a intuição de que um Ser Supremo em Amor, Poder e Sabedoria é não só seu Criador, mas a Causa de tudo quanto existe.
Ser espiritual que é, a intuição do Infinito jamais lhe foi cerceada, apesar de sua ignorância.
Daí as crenças, desde os tempos primitivos, em deuses de variadas denominações, e, forças superiores não definidas.
Surgiram poateriormente as religiões, com seus cultos e justificações, eivados de superstições e erros, mas sempre em busca de explicações a respeito do fenômeno da vida e da Criação.
Em toda trajetória do homem na Terra, jamais faltou a assistência de su Guia e Governador, o Cristo de Deus, o Verbo do princípio, acompanhando o lento progresso da humanidade com infinita paciência e amor.
Hoje sabemos que o acompanhamento do progresso dos habitantes deste planeta pelo Cristo docorre de determinação de Deus nosso Pai e Criador. Ele é o Guia da Humanidade.
Graças à REvolução Espírita, a última das grandes intervenções do Plano Espiritual Supervisor em favor da humanidade, aclararam-se várias passagens evangélicas malcompreendidas, que deram origem a confusões e distorções no seio das denominadas igrejas cristãs.
Assom, tornou-se claro que o Criador, o Deus de nossos corações, é o poder Infinito, criador dos Universos Espirituais e materiais.
Indefinível para nós, seres finitos em evolução, preferiram os Espíritos Reveladores oferecer-nos uma idéia genérica sobre a grandeza e o poder ilimitado de Deus, "a Inteligência Seprema, causa primária de todas as coisas".
Alertaram-nos, ainda, "que há coisas que estão acima da intelig~encia do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita às vossas idéias e sensações, não tem meios de exprimir". (Questão 13 de O livro dos Espíritos.)
Por isso, por enquanto nos basta conhecer alguns dos atributos do Criador Supremo, que "é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom". (Idem.)
Essas idéias, que nos foram transmitidas pelos Espíritos Reveladores, permitem-nos retificar uma série de conceitos enganosos constantes das Escrituras do Novo e do Velho Testamentos, como também dos textos de livros de outras religiões orientais.
Ao mesmo tempo, o ensino calro dos Espíritos repele o panteísmo, em todas as suas formas, mostrando-nos, pela razão, que o Criador e as criaturas não se confundem, já que as criaturas jamais poderão transformar-se no próprio Deus.
O Livro dos Espíritos, ao tratar das causas primárias e de Deus, em seu primeiro capítulo, clarifica uma série de idéias de suma importância para que o homem possa entender a si mesmo, a Natureza, os ensinos de Jesus, constantes dos Evangelhos, e muitos ensinos ministrados pelas diversas religiões do mundo.
A Religião dos Espíritos, vindo ao mundo séculos e milênios após a formulação e instituião das diversas denominações religiosas, encontra uma humanidade que já havia progredido muito em termos de conhecimento científicos.
Depois das teorias comprovadas de Nicolau Copérnico e de Galileu Galilei, a Terra deixou de ser tomada como o centro do Universo, em torno da qual giravam o sol e os outros corpos celestes. Sua forma não era plana, como se pensava, mas esférica, como a dos demias astros da abóbada celeste visível.
A Terra passou a ser encarada não mais como o único mundo onde a vida se manisfesta. Era preciso considerar-se os bilhões de estrelas, planetas, satélites e outros corpos celestes, componentes de milhões de galáxias espalhadas pelo infinito do Universo.
Essa nova concepção cósmica, a partir do século XVII, alida ao desenvolvimento das ciências nos séculos seguintes, preparou a humanidade para que pudesse evoluir consideravelmente no campo do conhecimento e também no campo moral-espiritual.
Podemos compreender, assim, a razão por que somente em meados do século XVIII o Governador Espiritual deste orbe enviuou o outro Consolador prometido quando de sua passagem pela Terra.
É que, sem uma base de conhecimentos mínimos, a respeito de si mesmo, como Espírito imortal, e do mundo em que vive, dentro do Universo infinito, e, de outro lado, cerceado em sua liberdade por século de milênios, o homem não tinha condições de tomar conhecimento, de forma satisfatória, de verdades e realidades novas para ele, embora essas verdades já tivessem sido referidas antes, de forma velada, tanto pelo próprio Cristo quanto por seus emissários.
Quando chega ao mundo a Terceira Revelação, a Doutrina dos Espíritos, é o Cristo de volta, cumprindo sua promessa de enviar outro Consolador, revelando novas realidades e retificando o que fora mal-entendido.
Como simples ilustração dessas acertativas, vemos, no Velho Testamento, que Deus é apresentado so povo hebreu sob aspectos contraditórios. Ora é o pai bondoso e misericordioso, para, em seguida, mostrar-se impiedoso para com os flhos culpados.
De outras vezes é referido ao nível das paixões humanas, implacável, vingativo, exclusivo da raça hebraica, devendo ser temido em vez de ser amado, como nos ensinos do cristo.
A Doutrina Espírita vê o Velho Testamento como o livro sagrado do povo hebreu, contendo verdades reveladas; como os Dez Mandamento, ao lado de regras humanas para a época e narrativas por vezes contraditórias.
Ora, as Revelações se ajustam às épocas e aos estágios de vivência seja de um povo, de uma civilização, ou de considerável parcela da Humanidade.
Por isso as Revelações são sucessivas.
Já no novo testamento, os Evangelhos contêm os ensinos do cristo para todos os homens, de quaisquer nacionalidades ou de quaisquer épocas, já que são verdades eternas, desde que entendidas em espíritos, escoimadas das interpretações e adições humanas.
O último estágio das revelações, a Revelção dos Espíritos, aclara todas as anteriores, considerada o estágio atual das ciências e a capacidade de entendimento de considerável parte da Humanidade, sem fechar as portas ao progresso e á evolução, comportando, portanto, novos conhecimentos, como já tem ocorrido.
Cpítulo especial na busca permanente da verdade e de novos conhecimentos é o que se refere às interpretações dos textos considerados sagrados, ou básicos, nas diversas escrituras das religiões.
Precisamos considerar que a linguagem humana, falada ou escrita, nem sempre é precisa, exata, para expressar idéias e pensamentos.
As idéias originais são, muitas vezes, entendidas de forma diferente, quando não mutiladas na sua sigificação real.
Consideremos, então, certos textos, ou expressões verbais, para traduzir determinada idéia que originalmente está correta.
Entretando, essa mesma idéia ao ser transmitida por outrem, pode sofrer alteração em seu significado original, com grave prejuízo interpretativo.
Um exemplo tirado dos Evangelhos de jesus nos mostrará a gravidade do problema, com conseqüências importantíssimas na construção das doutrinas cristãs.
Disse Jesus certa vez, referindo-se a Si e a Deus:
"Eu e meu Pai somos um; Ele está em mim e eu estou n'Ele."
Noutra ocasiãoassim se expressou: "Eu e meu Pai somos uno." A idéia manifestada por Jesus era a de que Ele cumpria a vontade de seu Pai, unidos na mesma vontade expressa nas leis divinas, eternas.
Entretanto, não foi esse o entendimento dos homens que interpretaram os Evangelhos, formulando os teólogos a doutrina católica e protestente a respeito de Deus e do Cristo, considerados numa mesma pessoa; Deus-pai, Deus-filho e mais o Espírito Santo, numa trindade que não tem fundamento no espírito e na verdade dos Evangelhos.
E essa interpretação firmou-se no tempo,vindo até nossos dias, apesar de Jesus ter ensinado, em diversas ocasiões, que Ele era o "Filho de Deus", o Messias esperado por mais de setecentos anos, nas referências dos profetas de Israel.
Esse lastimável engano interpretativo transmitiu-se a milhões de indivíduos, pelos séculos sucessivos, com suas naturais conseqüências.
Somente a Doutrina dos Espíritos viria retificar o desvio, recolocando a verdade dos ensinos do Mestre, o "Filho de Deus", o Governador Espiritual deste mundo, nosso Irmão Maior, nosso Guia.
Outro escolho terrível que ocorre na transmissão das idéias, dos ensinos e dos conhecimentos em geral, acontece nas traduções de uma língua par a outra.
Cada língua humana tem sua gênese, suas expressões peculiares, sua maior ou menor riqueza de vocábulos etc.
Ocorre muitas vezes, nas traduções de uma língua para outra, a falta de cuidado ou a falta de conhecimento do tradutor para expressar a idéia exata que se encontra no original.
A literalidade nas traduções leva geralmente à modificação do original, especialmente quando se quer transpor idéias expostas numa língua pobre para outra rica em vocábulário e sinônimo.
Modernamente, tem-se verificado, quantos prejuízos, para os originais, ocorrem nas traduções, levando-se para a nova língua idéias que não constavam dos textos traduzidos.
No que concerne às traduções da Bíblia, txtos do Velho Testamento em seu original hebraico foram distorcidos desde as traduções para as línguas grega e latina, conforme assinala o professor Severino Celestino da Silva em sua notável obra Analisando as Traduções biblicas.
Assinala ainda esse autor, profundo conhecedor do hebraico, "a falta de fidelidade encontrada nos textos traduzidos para nossa língua", comparando essa constatação sua com o que escrevera São Jerônimo, em carta ao papa Dâmaso, a respeito da tradução da Bíblia do grego para o latim, tradução que constitui a "Vulgata".
Eis um techo dessa carta de São Jerônimo, que comprova ter havido acréscimo, substituições e corrigendas nos originais traduzidos:
"Qual, de fato, o sábio e mesmo o ignorante que, desde que tiver nas mãos um exemplar (novo), depois de o haver percorrido apenas uma vezs, vendo que se acha em desacordo com o que está habituado a ler, não se ponha imediatamente a clamar que eu sou um sacrilégio, um falsário, porque terei tido a audácia de acrescentar, substituir, corrigir alguma coisa nos antigos livros?" (Assinalei a parte final).
Aí está uma confissão clara do tradutor da Vulgata, mostrando que seu autor alterou, por diversas formas, os textos originais traduzidos, naturalmente para adaptar a tradução aos interesses e às concepções da Igreja a que pertencia.
Compulsando traduções da Bíblia para a língua portuguesa poderemos verificar, em algumas delas, a referência ao Espiritismo como prática condenada pela Bíblia.
Essa referência, repetida por pastores e seguidores de igrejas denominadas cristãs e evangélicas, é fruto de má-fé ou ignorância, uma vez que o Espiritismo, doutrina surgida em 1857, com sua obra básica, O Livro dos Espíritos, não poderia ser condenado em escritores bíblicos que datam de mais de 3.000 anos.
Na lenta ascenção do Espiritismo em busca de conhecimento e de moralidade, reencarna ele muitas vezes na crosta terrestre.
O caminho que conduz a felicidade é difícil, cheio de obstáculos que precisam ser vencidos pelo homem, em vidas sucessivas.
No curso desse caminho cometemos erros, repetimos faltas que nos trazem experiências e sofrimentos.
Cumpre-nos evitar os erros e suas conseqüências fatais, procurando acertar nossos passos no sentido correto.
Para isso o Cristo de Deus assiste aos seus tutelados deste orbe, desde sempre, ensinando-lhes o caminho e a verdade, a inteligência e a razão.
O Espirieismo , o Consolador, a última das revelações, continua e atualiza as anteriores.
Auxilianos a retificar o que foi mal compreendido, ou adulterado, despertando em nós os poderes recônditos que possuímos.
é a busca da verdade, das idéias superiores, das leis divinas, que nos cumpre assimilar, em demanda da felicidade.
Juvanir Borges de Souza
Reformador/Setembro 2003