A MENTE É ETERNA, O CÉREBRO NÃO.
A mente é uma entidade independente. Ela acontece pelo cérebro, mas não pertence a ele e muito menos é uma segregação cerebral.
O pensamento ocorre no cérebro, mas não pertence a ele, da mesma forma que a fala acontece ao telefone e não é o telefone que fala. A fala é que fala pelo telefone. Então, não é o cérebro que pensa. O pensamento é que pensa pelo cérebro. Portanto, a mente, consciência, o espírito hoje são palavras quase sinônimas no campo da ciência moderna".
- O cérebro e a mente sobrevivem à morte física?
- O cérebro não. Porque a morte física pertence ao cérebro, mas não alcança a mente. A mente pré-existe ao nascimento do cérebro, comanda todo cérebro, mas sobrevive à dissolução cadavérica do cérebro. Portanto, a mente é a contraparte imaterial de todos os seres. É a força criadora e responsável pelas funções dos órgãos. O cérebro está para os órgãos do corpo como um grande computador, no entanto, a mente é a entidade extra-corpórea, o princípio espiritual que habita os corpos. Conclusão: a mente é eterna, o cérebro não. O cérebro nasce, cresce, atinge a sua plenitude, entra em decadência, degenera e morre. Mas a mente sobrevive.
O cérebro, ainda que seja a mais complexa estrutura existente na Terra - talvez no universo - é um objeto bem definido: ele é uma entidade material localizada dentro do crânio, que pode ser visualizado, tocado e manipulado. É composto de substâncias químicas, enzimas e hormônios que podem ser medidos e analisados. Sua arquitetura é caracterizada por células neuronais, vias neurais e sinapses. Seu funcionamento depende de neurônios, os quais consomem oxigênio, trocando substâncias químicas através de suas membranas, e mantendo estados de polarização elétrica interrompidos por breves períodos de despolarização.
Mas... e a mente ?
É impressionante verificar que mesmo após vários séculos de refexões filosóficas, árdua dedicação à pesquisa cerebral e notáveis avanços no campo das neurociências, o conceito de mente ainda permanece obscuro, controverso e impossível de definir nos limites de nossa linguagem.
Espírito e alma parecem ser interpretações religiosas e metafísicas da mente. A neurociência tem entendido o cérebro e a mente como resultado da investigação experimental. Aceitação ou rejeição da existência de espírito ou alma depende de fé ou convicção religiosa, as quais não podem ser provadas ou desaprovadas por métodos experimentais. Parece ser mais coerente pensar que crenças são dependentes da atividade fisiológica do cérebro e de nosso ambiente cultural. Nós não podemos ter conceitos religiosos se nós não temos um cérebro funcionante (por ex., como quando a atividade do cérebro é bloqueada por coma ou anestesia profunda), e nós não podemos acreditar em coisas que nós não aprendemos, ouvimos e experenciamos. Não é impossível pensar que algumas pessoas podem "aprender" a acreditar na existência de Deus, vida após a morte e forças sobrenaturais porque o cérebro é provido com centros emocionais afim de satisfazer necessidades psicológicas. Eu frequentemente pergunto a mim mesma: "Existe alguma região cerebral envolvida com a experiência mistico-religiosa ? Poderiam lesões ou a ausência daquelas regiões abolir crenças religiosas? Ou, ao contrário, poderiam "tempestades elétricas" (hiperestimulação de circuitos neuronais) provocadas por crises psicóticas ou epilépticas estar atuando em circuitos cerebrais que processam um possível sentimento religioso?"
Outro achado significativo nas neurociências é a correlação de eventos mentais, tais como a aprendizagem, com alterações químicas e estruturais das células nervosas (7). Atualmente, nós sabemos que em nosso cérebro novos ramos neuronais crescem em resposta à diversidade cultural, isto é, ao treino e à experiência do dia-a-dia. Cada neurônio parece contribuir para muitos comportamentos e atividades mentais. Técnicas modernas estão agora começando a revelar como o cérebro tem conseguido a notável proeza da aprendizagem. Redes artificiais de neurônios sobre computadores estão ajudando a explicar a habilidade do cérebro em processar e reter informação. Também, as ciências cognitivas modernas, que utilizam um vasto conjunto de técnicas novas, estão sendo capazes de estudar objetivamente muitos componentes do processo mental, tais como atenção, cognição visual, linguagem, imaginação mental, etc., e estão sendo correlacionadas com atividade neural por meio de imagem funcional computadorizada e estão agora abertas à investigação científica.
Assim, cada vez mais, estamos percebendo o que muitos influentes filósofos e teólogos dos séculos passados não podiam entender: o cérebro é complexo o suficiente para explicar os mistérios da aprendizagem, memória, emoção, criatividade, consciência, experiência místico-religiosa, loucura. Se nós concordarmos em pensar na mente como se ela fosse um conjunto de funções mentais, mais do que espírito, alma ou substância imaterial, será mais fácil continuar com os necessários estudos empíricos e então um progresso ainda mais substancial poderá ser feito não somente na busca para a natureza do homem como um indivíduo cognitivo, mas também no alívio das doenças mentais e no melhor entendimento de crenças culturais e religiosas, as quais, ao longo dos séculos, têm trazido grandes prazeres - e aflições - à humanidade.
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