Por Silvio Seno Chibeni
Dogmatismo? Tradicionalismo? Fanatismo? Visão
estreita?
Vejamos:
1. A obra de Allan Kardec, quando
analisada internamente, revela uma solidez lógica, uma
racionalidade, uma limpidez argumentativa, uma coerência de fazerem inveja aos
mais conceituados tratados filosóficos que a Humanidade possui;
2. Allan Kardec revelou, em tudo o que
fez, uma prudência, um equilíbrio, uma sobriedade, um espírito positivo e
despreconcebido, um bom senso, enfim, que singularizam sua
figura entre todos os expoentes da cultura humana;
3. A obra de Allan Kardec, contrariamente
ao que em geral acontece com outras que abordam os mesmos assuntos, está firme
e amplamente baseada em fatos, cuidadosa e minuciosamente
examinados à luz dos referidos critérios racionais; não surgiu entre as quatro
paredes de um gabinete, mas de uma extensa convergência de informações;
4. Allan Kardec era possuidor de uma vasta
erudição, transitando inteiramente à vontade pelos mais variados
campos do saber – das ciências às artes, das filosofias às religiões – o que
lhe permitiu trazer ao seu domínio de estudo os mais relevantes problemas que
interessam ao homem, dentro de uma visão abarcante e integrada da realidade;
5. A obra de Allan Kardec apresenta-se
dentro de padrões de clareza e objetividade tais, que não
deixa nenhuma margem a ambigüidades e mal-entendidos, especialmente quanto aos
pontos fundamentais;
6. Allan Kardec soube ser impessoal, separando
com rigor suas opiniões pessoais e peculiaridades de sua vida privada do
conhecimento doutrinário, que é independente e objetivo; jamais pretendeu a
posse exclusiva e completa da verdade, nunca recusou um princípio pelo só fato
de ter sido descoberto ou proposto por outrem, nunca hesitou em abandonar uma
idéia quando provada errônea por argumentos insofismáveis;
7. A obra de Allan Kardec é
incomparavelmente abrangente, ocupando-se desde os fatos mais
palpáveis, destacadamente os relativos à sobrevivência do ser, até as mais
profundas investigações da ética, passando pelo exame lúcido das grandes
questões filosóficas que ao longo das eras têm desafiado o raciocínio do homem;
8. Allan Kardec tem sido confirmado, por
fontes independentes e fidedignas, como um grande emissário de Jesus,especialmente
escolhido por Ele para concretizar na Terra a Sua promessa do envio do
Consolador, [nota 1] que nada mais é do que o Espiritismo, que veio para nos
ensinar todas as coisas (o esclarecimento abundante que traz), para nos fazer
lembrar tudo o que Jesus nos disse (a sanção e explicação que ele nos dá dos
Evangelhos), e que estará sempre conosco (a perenidade do Espiritismo);
9. A obra de Allan Kardec não é uma
estrutura estática e fechada, mas sim dinâmica e aberta a complementações
futuras, incorporando a característica da progressividade, essencial
a todo sistema científico ou filosófico que não pretenda ser sepultado pelas
constantes e inevitáveis descobertas de fatos novos e pela ampliação geral do
conhecimento humano;
10. Allan Kardec testemunhou em
todos os atos de sua vida a sua condição de Espírito de escol:
jamais prejudicou a alguém; só com o bem retribuiu as ingratidões, ofensas e
calúnias com que em vão tentaram embaraçar-lhe os passos; doou-se por completo
à grande obra de educação dos homens que é o Espiritismo: a ela sacrificou o
conforto, o repouso, os bens materiais, a saúde e até a própria vida.
Estudemos com seriedade essa obra. Conheçamos
de perto esse autor. [nota 2]
Depois, comparemo-los à obras e autores que
os pretendam superar. Quais se poderão gloriar de fazer-lhes frente em apenas
algumas das dez características enumeradas (para não dizer em todas)?
Retornemos, por fim, à questão: Por que Allan
Kardec?
Talvez já não seja difícil respondê-la ...
[nota 3]
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Notas:
1.Cf. Evangelho de João, cap. 14.[volta]
2. Para uma visão precisa, detalhada e
completa da personalidade de Allan Kardec, bem como das origens, dimensões e
significado de sua obra, consulte-se o livro Allan Kardec (3 vols.), de Zêus
Wantuil e Francisco Thiesen, editado pela Federação Espírita Brasileira em
1979/80.[volta]
3. Para uma exposição do caráter
legitimamente científico (à luz da moderna filosofia da ciência) do
desenvolvimento de uma atividade de pesquisa em torno de um núcleo de
princípios básicos (como o Espiritismo o faz em relação aos princípios
fundamentais da obra de Allan Kardec), veja-se o artigo "Espiritismo e
ciência", em Reformador de maio de 1984. (Nota do Autor em outubro de
1998: Para o mesmo tema, ver também os artigos "A excelência metodológica
do Espiritismo" e "O paradigma espírita", publicados na mesma
revista, números de novembro e dezembro de 1988 e junho de 1994,
respectivamente.) [volta]
Artigo publicado em Reformador, abril de
1986, pp. 102-3.
Retirado do
site http://www.geeu.net.br/artigos/porque.html